A imparcialidade do juiz

Autores

  • Bruno Amaro Lacerda Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.22477/rdj.v108i1.49

Resumo

A imparcialidade é um valor ético de grande importância para os juristas, normalmente associado às ideias de justiça, igualdade e verdade. Este artigo objetiva mostrá-la como um dever que exige uma postura sensível e ativa do juiz, diferenciando-a da neutralidade ou indiferença quanto ao resultado do processo, mas destacando que a atuação imparcial deve ocorrer nos limites do ordenamento, sem subordinação a valores extrajurídicos oriundos de convicções políticas do julgador. Rejeitam-se, com isso, propostas de ativismo judicial que defendem ações exageradas de igualação ou mesmo a parcialidade “positiva” do juiz como método de solução das desigualdades sociais existentes.

Biografia do Autor

Bruno Amaro Lacerda, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professor Adjunto na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Doutor em Filosofia do Direito pela UFMG.

Referências

BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Imparcialidade: reflexões sobre a imparcialidade do juiz. Revista Jurídica, v. 250, p. 5-13, 1998.

BOBBIO, Norberto. Quale giustizia, quale legge, quale giudice. Quale giustizia, n. 8, p. 268-274, 1971.

CABRAL, Antonio. Imparcialidade e impartialidade. Por uma teoria sobre repartição e incompatibilidade de funções nos processos civil e penal. Revista de Processo, v. 149, p. 339-363, 2007.

CALAMANDREI, Piero. Il giudice e lo storico. Rivista di Diritto Processuale Civile, v. XVI, p. 105-128, 1939.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2014.

CAPPELLETTI, Mauro. Juízes legisladores? Tradução de Carlos Alberto Álvaro de Oliveira. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1999.

COELHO, Luiz Fernando. Fumaça do bom direito: ensaios de filosofia e teoria do direito. Curitiba: Bonijuris e JM Livraria, 2011.

COMMARET, Dominique Noëlle. Une juste distance: ou refléxions sur l’impartialité du magistrat. Recueil Dalloz de doctrine, de jurisprudence et de législation, 27º cahier, p. 262-264, 1998.

COMPARATO, Fábio Konder. Papel do jurista num mundo em crise de valores. Revista dos Tribunais, v. 713, p. 277-283, 1995.

COTTA, Sergio. Perché il diritto. 2. ed. Brescia: La Scuola, 1983.

DECAUX, Emmanuel. Les grands textes internationaux des droits de l’homme. Paris: La Documentation Française, 2008.

FAZZALARI, Elio. La imparzialità del giudice. Rivista di Diritto Processuale, v. XXVII, p. 193-203, 1972.

FRANCA FILHO, Marcílio Toscano. A cegueira da justiça. Diálogo Iconográfico entre Arte e Direito. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2011.

FRISON-ROCHE, Marie-Anne. L’impartialité du juge. Recueil Dalloz de doctrine, de jurisprudence et de législation, 6º cahier, p. 53-57, 1999.

GARAPON, Antoine. Le juge et son ethique. Esprit, n. 10, p. 133-136, 1992.

GARCÍA DE ENTERRÍA, Eduardo. La democracia y el lugar de la ley. In: GARCÍA DE ENTERRÍA, Eduardo; MENÉNDEZ MENÉNDEZ, Aurelio. El derecho, la ley y el juez. Dos estudios. Madrid: Civitas, p. 23-62, 1997.

HÖFFE, Otfried. O que é justiça? Tradução de Peter Naumann. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

LACERDA, Bruno Amaro. Ver ou cegar-se? Considerações sobre a origem e o sentido da venda da justiça. In: LACERDA, Bruno Amaro; LOPES, Mônica Sette. Imagens da justiça. São Paulo, LTr, p. 23-39, 2010.

PORTANOVA, Rui. Princípios do processo civil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1995.

REALE, Miguel. A ética do juiz na cultura contemporânea. In: NALINI, José Renato (Coord.). Uma nova ética para o juiz. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 130-146, 1994.

RICCI, Gian Franco. Principi di diritto processuale generale. 5. ed. Torino: Giappichelli, 2012.

SOUZA, Artur César de. A parcialidade positiva do juiz. São Paulo: RT, 2008.

STOLLEIS, Michael. O perfil do juiz na tradição europeia. In: BARBAS HOMEM, António Pedro et al. O perfil do juiz na tradição ocidental. Lisboa: Almedina, p. 21-34, 2009.

TARUFFO, Michele. La semplice verità. Il giudice e la costruzione dei fatti. Roma-Bari: Laterza, 2009.

TRUJILLO, Isabel. Imparcialidad. México, D.F.: UNAM, 2007.

URBANO CASTRILLO, Eduardo de. Deontología judicial: El arquetipo de juez de nostra época. Ética del juez y garantías procesales. Madrid: Consejo General del Poder Judicial, p. 397-466, 2005.

ZAGREBELSKY, Gustavo. Il diritto mite. Legge diritto giustizia. Torino: Einaudi, 1992.

Downloads

Publicado

2017-04-10

Como Citar

LACERDA, Bruno Amaro. A imparcialidade do juiz. Revista de Doutrina Jurídica, Brasília, DF, v. 108, n. 1, p. 23–36, 2017. DOI: 10.22477/rdj.v108i1.49. Disponível em: https://revistajuridica.tjdft.jus.br/index.php/rdj/article/view/49. Acesso em: 19 abr. 2024.