In(ter)dependência entre decisões judiciais e pareceres psicossociais nos juízos criminais

análise quantitativa

Autores

  • Mariana Martins Juras Universidade Católica de Goiás (PUC-GO
  • Amanda Pinheiro Said
  • Michelle Moreira de Abreu Tusi
  • Eneida Maria França e Silva Hamu

DOI:

https://doi.org/10.22477/rdj.v107i2.26

Resumo

Em contexto de interface entre as áreas psicossociais e jurídicas, foi realizada pesquisa no Serviço
de Assessoramento aos Juízos Criminais – SERAV no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos
Territórios – TJDFT, cuja proposta foi relacionar os pareceres psicossociais com as decisões judiciais
de processos criminais cujas vítimas eram mulheres, crianças e adolescentes, a fim de analisar o
impacto dos pareceres no assessoramento aos juízes criminais durante o curso de processos referentes
às Leis 8.069/1990 e 11.340/2006. Realizou-se análise documental da amostra de 178 processos dos
quais decorreram atendimentos no SERAV, em 2010. A maioria das decisões judiciais não acolheu
as sugestões técnicas e/ou alusões de gravidade presentes nos pareceres psicossociais. O maior
número de acolhimentos deu-se para sugestões técnicas, especialmente as de encaminhamento dos
jurisdicionados, sendo que houve maior acolhimento dos casos que envolviam crianças e adolescentes.
Os resultados demonstraram, ainda, haver relação incipiente entre assessores e assessorados nos
processos de violência doméstica e familiar contra mulheres, crianças e adolescentes.

Biografia do Autor

Mariana Martins Juras, Universidade Católica de Goiás (PUC-GO

Psicóloga pela Universidade de Brasília (UnB), CRP 01/12762.
Doutora e Mestre em Psicologia Clínica e Cultura pela UnB.
Especialista em Terapia Familiar e de Casais pelo Interpsi e pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
Atua como docente em cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia e
Direito. Servidora do Serviço de Assessoramento aos Juízos Criminais – SERAV da
Secretaria Psicossocial Judiciária do TJDFT.

Michelle Moreira de Abreu Tusi

Psicóloga pela Universidade de Brasília (UnB).
Especialista em Saúde da Família pela Universidade Cândido Mendes.
Supervisora substituta e coordenadora do trabalho de Depoimento Especial do
Serviço de Assessoramento aos Juízos Criminais/SUAF/SEPSI do TJDFT.
Terapeuta comunitária pela Universidade do Ceará, possui formação em Terapia
Sistêmica em Constelação Familiar pelo Hellinger – Institut Landshut e no
Sistema Body Talk de equilíbrio energético.

Eneida Maria França e Silva Hamu

Assistente Social formada pela Universidade de Brasília, CRESS 1492/8ª Região e
Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Brasília - UniCEUB.
Terapeuta Comunitária pela UFCE, com formação em Abordagem Familiar no
Contexto Jurídico pela UnB.

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Publicado

2017-03-15

Como Citar

JURAS, Mariana Martins; SAID, Amanda Pinheiro; TUSI, Michelle Moreira de Abreu; HAMU, Eneida Maria França e Silva. In(ter)dependência entre decisões judiciais e pareceres psicossociais nos juízos criminais: análise quantitativa. Revista de Doutrina Jurídica, Brasília, DF, v. 107, n. 2, p. 213–230, 2017. DOI: 10.22477/rdj.v107i2.26. Disponível em: https://revistajuridica.tjdft.jus.br/index.php/rdj/article/view/26. Acesso em: 26 abr. 2024.