O estereótipo de mulher utilizado como paradigma na interpretação do direito

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22477/rdj.v112i00.621

Palavras-chave:

Mulher. Gênero. Hermenêutica. Direito.

Resumo

Objetivo: o escopo da presente pesquisa é investigar quais mulheres encontram efetiva proteção de seus direitos e quais são excluídas, analisando se a obediência ao padrão de comportamento socialmente esperado é colocada como condição para garantia de direitos. Para tanto, inicialmente, busca-se estabelecer a definição que será adotada para determinados conceitos que serão utilizados no presente artigo, no intuito de garantir a correta compreensão da tese defendida. Com base em estudos feministas acerca dos conceitos de sexo, gênero e androcentrismo, tendo como marco teórico Tereza de Lauretis e Alda Facio, procura-se estabelecer as diferenças de valor atribuídas ao homem e à mulher. Analisa-se ainda a Mulher como fenômeno mitológico do patriarcado e sua diferença para as mulheres reais e para a mulher, categoria de análise para estudo de gênero. Diante dessas constatações, propõe-se que se investigue quem seria a mulher considerada pela norma e como realizar uma correta interpretação com perspectiva de gênero. Método: utiliza-se o método dedutivo, estudo bibliográfico e análise de leis. Resultado: os resultados obtidos dão conta de que é essencial a utilização do gênero como parâmetro interpretativo para garantir a correta perspectiva no emprego do princípio da igualdade.

Biografia do Autor

Juliana Paiva Costa Samões, Justiça Federal de Primeiro Grau - Seção Judiciária do Estado da Bahia (BA)

Mestre em Direito pela Universidade Federal da Bahia - UFBA.

Servidora Pública.

Referências

ABOIM, Sofia. Do público e do privado: uma perspectiva de gênero sobre uma dicotomia moderna. In: Estudos Feministas. Florianópolis, SC, v. 20, n. 1, p. 95-117, 2012. Disponível em: ABOIM, Sofia. Do público e do privado: uma perspectiva de gênero sobre uma dicotomia moderna. Acesso em: 2 jun. 2019.

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua I. Tradução: Henrique Burigo. 2. reimp. Belo Horizonte: UFMG, 2007.

AKOTIRENE, Karla. Interseccionalidade. São Paulo: Polén, 2019. (Coleção Feminismos Plurais). Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1154/o/Interseccionalidade_%28Feminismos_Plurais%29_-_Carla_Akotirene.pdf?1599239359. Acesso em: 15 jan. 2020.

BLACKSTONE, William. Commentaries on the Laws of England in Four Books. Philadelphia: J.B. Lippincott Company, 1893, v. I, Livro I, Of the Rights of Persons, cap. 15. Disponível em: http://files.libertyfund.org/files/2140/Blackstone_1387-01_EBk_v6.0.pdf. Acesso em: 16 jul. 2019.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Tradução: Maria Helena Kühner. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

BRASIL. Câmara dos Deputados; Senado Federal. Mais Mulheres na Política. [S. l.], 2015. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/510155/Livro%20-%20Mulheres%20na%20Politica.pdf?sequence=5&isAllowed=y. Acesso em: 2 dez. 2018.

BRASIL. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código Civil. Diário Oficial, Rio de Janeiro, RJ, 1916. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm. Acesso em: 15 jan. 2020.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial, Brasília, DF, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 15 jan. 2020.

BRASIL. Lei nº 12.034, de 29 de setembro de 2009. Altera as Leis nos 9.096, de 19 de setembro de 1995 - Lei dos Partidos Políticos, 9.504, de 30 de setembro de 1997, que estabelece normas para as eleições, e 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. Diário Oficial, Brasília, DF, 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/ 2009/Lei/L12034.htm. Acesso em: 15 jan. 2020.

BRASIL. Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016. Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, a Lei nº 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei nº 12.662, de 5 de junho de 2012. Diário Oficial, Brasília, DF, 2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/ 2016/lei/l13257.htm. Acesso em: 15 jan. 2020.

BRASIL. Lei nº 13.715, de 24 de setembro de 2018. Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para dispor sobre hipóteses de perda do poder familiar pelo autor de determinados crimes contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. Diário Oficial, Brasília, DF, 2018a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13715.htm. Acesso em: 15 jan. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.617/DF. [...] DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. ART. 9º DA LEI 13.165/2015. FIXAÇÃO DE PISO (5%) E DE TETO (15%) DO MONTANTE DO FUNDO PARTIDÁRIO DESTINADO AO FINANCIAMENTO DAS CAMPANHAS ELEITORAIS PARA A APLICAÇÃO NAS CAMPANHAS DE CANDIDATAS. PRELIMINAR DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. REJEIÇÃO. INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA À IGUALDADE E À NÃO-DISCRIMINAÇÃO. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. Relator: ministro Edson Fachin, 15 mar. 2018. Diário de Justiça Eletrônico n. 211, Brasília, DF, 2 out. 2018b. Disponível em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=748354101. Acesso em: 15 jan. 2020.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Juízo de Direito da 3. Vara Cível da Comarca de Franca). Ação Civil Pública nº 1020336-41.2019.8.26.0196. Julgador: juíza Adriana Gatto Martins Bonemer, 5 nov. 2019. [Diário de Justiça Eletrônico], [s. l.], [2019?]. p. 1175-1184. Disponível em: https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/abrirDocumentoParaConferencia.do?cdDocumento=89465621&cdProtocolo=&cdProcesso=5G0008XEF0000&nuProcesso=1020336-41.2019.8.26.0196&cdForo=196&nmAlias=PG5RP&flOrigem=P&tpOrigem=2&origemDocumento=P. Acesso em: 15 jan. 2020.

CAVENAGHI, Suzana; ALVES, José Eustáquio Diniz. Mulheres chefes de família no Brasil: avanços e desafios. Rio de Janeiro: ENS-CPES, mar. 2018. (Série Estudos sobre Seguros, ed. 32). Disponível em: https://www.ens.edu.br/arquivos/mulheres-chefes-de-familia-no-brasil-estudo-sobre-seguro-edicao-32_1.pdf. Acesso em: 21 fev. 2020.

CONFERÊNCIA EPISCOPAL PERUANA. A ideologia de Gênero: Seus Perigos e Alcances. Tradução: Apostolado Veritatis Splendor. Site Canção Nova, [s. l.], [1998]. Disponível em: https://img.cancaonova.com/noticias/pdf/281960_IdeologiaDeGenero_PerigosEAlcances_ConferenciaEpiscopalPeruana.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.

COSTA, Judith Martins. Indivíduo, Pessoa, Sujeito de Direitos: Contribuições Renascentistas para uma História dos Conceitos Jurídicos. Philia&Filia, Porto Alegre, RS, v. 1, n. 1, p. 69-95, 2010. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Philiaefilia/article/view/14870/9263. Acesso em: 25 nov. 2018.

CUNHA, Leandro Reinaldo da. A proteção constitucional da identidade de gênero. In: CUNHA JÚNIOR, Dirley da; BORGES, Lázaro Alves; SANTOS, Yago da Costa Nunes dos (org.). Os 30 anos da Constituição Federal de 1988. Salvador: Paginæ, 2018. p. 75-90. Disponível em: https://www.academia.edu/37706800/A_prote%C3%A7%C3%A3o_constitucional_da_identidade_de_g%C3%AAnero. Acesso em: 25 nov. 2018.

FACIO, Montejo Alda. Cuando el género suena cambios trae: (una metodología para el análisis de género del fenómeno legal). 1. ed. San José da Costa Rica: Ilanud, 1992.

FACIO, Montejo Alda; FRIES, Lorena. Feminismo, Género y Patriarcado. Revista sobre Enseñanza del Derecho de Buenos Aires, Buenos Aires, ano 3, n. 6, p. 259-294, 2005.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade do Saber. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 13. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

INSTITUTO TERRA, TRABALHO E CIDADANIA (ITTC). Maternidade Sem Prisão: diagnóstico da aplicação do Marco Legal da Primeira Infância para o desencarceramento de mulheres. São Paulo: ITTC, 2019. Disponível em: http://ittc.org.br/wp-content/uploads/ 2019/09/maternidadesemprisao-aplicacao-marco-legal.pdf. Acesso em: 25 fev. 2020.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Atlas da Violência 2018. Rio de Janeiro, RJ, 2018. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/180604_atlas_ da_violencia_2018.pdf. Acesso em: 2 dez. 2018.

INSTITUTO DE POLÍTICA ECONÔMICA APLICADA; SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES; ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Retrato das desigualdades de Gênero e Raça. Site Ipea, [s. l.], 2015. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/retrato/indicadores_chefia_familia.html. Acesso em: 2 dez. 2018.

LAURETIS, Tereza de. A tecnologia de gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.). Pensamento Feminista: Conceitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 121-155.

LERNER, Gerda. A Criação do Patriarcado. São Paulo: Cultrix, 2019.

PATEMAN, Carole. O Contrato Sexual. Tradução: Marta Avancini. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.

PETIT, Cristina Molina. Dialética Feminista de La Ilustración. Barcelona: Anthropos, 1994.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento Feminista: Conceitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 49-80.

SILVA, Denise Quaresma da; FOLBERG, Maria Nestovsky. De Freud a Lacan: as ideias sobre a feminilidade e a sexualidade feminina. Estudos de Psicanálise, Belo Horizonte, n. 31, p. 50-59, out. 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0100-34372008000100007&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 2 dez. 2018.

WITTIG, Monique. Não se nasce mulher. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento Feminista: Conceitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 83-92.

ZAFIROPOULOS, Markos. A teoria freudiana da feminilidade: de Freud a Lacan. Periódicos Eletrônicos em Psicologia. Reverso, Belo Horizonte, v. 31, n. 58, p. 15-24, set. 2009. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0102-73952009000200002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 2 dez. 2018.

Downloads

Publicado

2021-11-26

Como Citar

SAMÕES, Juliana Paiva Costa. O estereótipo de mulher utilizado como paradigma na interpretação do direito. Revista de Doutrina Jurídica, Brasília, DF, v. 112, n. 00, p. e021013, 2021. DOI: 10.22477/rdj.v112i00.621. Disponível em: https://revistajuridica.tjdft.jus.br/index.php/rdj/article/view/621. Acesso em: 22 dez. 2024.